Me perdi quando meu gato morreu

Luto pelo pet é real e pode ser tratado

O peso nos meus pés quando estou na cama. A textura do pelo. O miado rouco. O som das brincadeiras com um ratinho de brinquedo. Estas são apenas algumas das coisas das quais eu sinto falta do Mac, um gato siamês com quem tive o privilégio de conviver por 10 anos.

No ano passado, ele faleceu por conta de um tumor que acabou se espalhando por todo o abdômen. Os últimos 12 meses foram bastante difíceis. Desde que o Mac se foi, eu me perdi e ainda não me encontrei. E, além da dor, eu me sinto culpada. Afinal, “era só um gato”, como já disseram. “Basta adotar um novo.”

Em setembro, estava há algumas semanas sem chorar de saudade até que vi que Estopinha, o primeiro pet influenciador do Brasil, morreu. Junto com muitas outras pessoas da minha timeline, chorei pela perda de um bicho que eu nem conhecia.

Assim como lamentamos a morte de uma celebridade ou uma grande personalidade.

É que a nossa relação com a morte de pets têm mudado e levou um nome nem um pouco inovador: luto.

 

Tristeza é real

Natália Eiras e Mac (Arquivo pessoal)
Natália Eiras e Mac (Arquivo pessoal)

Se antes os bichos de estimação estavam restritos aos quintais, a companheiros de trabalho, parte do sistema de segurança de uma residência, nas últimas décadas essa relação mudou completamente: eles entraram em nossas casas, mas também nas nossas rotinas, ganharam prioridade no estilo de vida de muita gente e se tornaram sujeitos de um afeto profundo, coisa que incomodou até o Papa Francisco

Com essa mudança na relação entre tutores e bichos de estimação, a perda dos pets também ganhou um novo peso e uma nova camada de dor. Já não basta mais “pegar um novo bicho”, o turbilhão de sentimentos após a morte de um animal é semelhante ao luto que sofremos quando perdemos um ente (humano) querido.

O luto consiste na perda de um amor significativo em nossas vidas. Os bichos agora fazem parte da nossa família. Esta vinculação é baseada em amor. Todo vínculo quebrado ou perdido vai gerar, consequentemente, sofrimento intenso e luto.

diz a psicóloga Fabiana Witthoeft, de Curitiba (PR), que fala sobre o luto animal.

 

Por: Natália Eiras, de Lisboa (Portugal)

Fonte: uol.com.br

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